1.5.06

a promessa (3ª parte)

(...continuando, então...)

Escovo os dentes, que mau isso pode ter... Interesso-me pela caixinha do creme dental, colorida e moderna, rostos jovens, felizes e sorridentes (é lógico!!!), vendendo um produto que eles ao certo nunca haviam desconfiado que pararia em minhas mãos... o destino é mesmo sábio, pego a caixa, e faço o que sempre deveria fazer com as outras caixas... destino: material para o lixo reciclado... Cumpri minha cidadania por hoje...

Já posso voltar para a cama! Estufo o peito, com certeza já fui melhor nisso! O relógio insiste em marcar às 13 horas, sou obrigado e concordar com o tempo. Olho pela janela, outra vez, o sol ainda está invencível, quem sabe eu ainda posso mudar tudo isso... Não digo isso a respeito do sol, nem pelo relógio... Pronto, já estava decidido... Já não há mais perdão. Preciso ser rápido, o tempo pode me deixar novamente só. E só sempre estive.

Então, agora seria o momento certo. Colocaria meu risco. Abriria mão da consciência, da liberdade, da confiança, da omissão, e seria outra vez uma pessoa comum, com atitudes comuns, roupas comuns... Quem poderia me deter?

Prometo nunca mais: agir, esquecer, repetir, aliciar, ser proprietário, audaz, coerente, momentâneo, impróprio, imoral, centenário, meticuloso, réu, primeiro, segundo ou terceiro, inconstante, incompleto, inconformado, vermelho, cinza e preto, telespectador, ouvinte, ourives, amarelo, amador, amante, político e sincero, perfeito, prefeito, perpendicular ou circunflexo, tônico, capital ou estrangeiro, redondo ou uníssono, ver, ouvir e dizer... Prometo não cumprir, o que jamais eu não cumpriria... a chave está na porta, o portão aberto, entro no carro, acelero... essa é minha nova campanha... (...quem sabe amanhã tem mais...)

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